terça-feira, 6 de outubro de 2015

Passo a vida a seguir em frente.

Miranda Kerr
Era marcares o meu número enquanto entras na cidade, em vez de pensares em mim e ficares calado. Em vez de me dizeres no dia seguinte, numa mensagem a que não consigo responder, que estiveste tão perto. É que ainda te vejo por todo o lado e é tão triste fazer o caminho todo a evitar olhar para tudo o que me faça lembrar de ti. E depois chego a casa e continuas ali, presente no que imaginei mas que nunca te contei. Estás em cada pedaço de cidade, em cada espaço. Queria levar-te a alguns deles. E há outros, onde estiveste, a que vou sozinha para encontrar um bocadinho de ti. Para matar saudades. Para tentar deixar lá tudo o que é teu e está cá dentro. Não quero ter isto em mim. Não gosto de te encontrar em tantos carros que se cruzam comigo no trânsito. Não gosto de te ver noutros sorrisos. E quando regresso, ainda é pior. Sei que foi ali que estive sentada enquanto me ria durante as conversas parvas ao telemóvel. Lembro-me de descer aquelas escadas para ir ter contigo. E foi naquela esquina do jardim que me pediste que te contasse uma história para que adormecesses. Claro que não consegui conter o meu natural dom para ridicularizar o que é bonito e desconstruir o que me enternece. Sabe Deus o que quis abraçar-me a ti nesse momento. Sabe Deus o que queria abraçar-te agora. Tirar-te dessa vida escura em que insistes em permanecer, mesmo sabendo que poderias ter tão melhor. Era tão fácil acabares com isto. Será que se soubesses que eu sei tudo se tornava mais fácil? Será que se soubesses que não me irritas, não me enervas, não me fazes nascer raiva nenhuma, se tornava mais fácil? Não sei. Acho que também não interessa. Passo a vida a seguir em frente. É que o caminho não é curto e no final, só posso contar comigo.

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