Sempre que me envolvi em algum projecto profissional, fi-lo com toda a seriedade. Acredito que quem faz deve fazer bem feito, seja o que for, com os meios que tiver disponíveis.
Já fui criticada por ser tão séria. Paciência. Não sei trabalhar de outra forma. Esteja a acompanhar um cliente numa sessão de Personal Shopping ou a escrever uma reportagem sobre a aplicação de fundos comunitários num município, prefiro pecar pelo excesso de zelo do que pela descontracção em demasia.
Confio nas minhas capacidades e é exactamente por delas ter consciência que sou perfeccionista. Gosto do brio que pauta a minha conduta e orgulho-me dele. Espero continuar assim.
Desde o início da minha vida enquanto trabalhadora que soube separar bem as águas, deixar questões pessoais à margem para que simpatias, antipatias ou opiniões minhas não interferissem naquilo que produzo. A minha formação académica em Jornalismo contribuiu muito para que assim me comportasse, apesar de ser extremamente emotiva.
Desse modo, nunca senti como complicada a tarefa de vestir as diferentes personagens em que me desdobro consoante o contexto em que me encontro. A Ana profissional é ponderada, ligeiramente fria, dura consigo mesma, exigente com os outros e distante, muito mais que a Ana fora dos horários de trabalho.
Pela primeira vez, sinto que talvez não esteja apta a aceitar um desafio profissional por questões pessoais. Melhor, sinto que tenho medo de arriscar demasiado e pôr em causa a qualidade do meu trabalho pela possibilidade de vir a permitir que assuntos do foro pessoal nele interfiram.
Será possível manter a distância quando já nos envolvemos emocionalmente com a pessoa com quem estaremos em contacto directo frequentemente? Será possível manter a frieza? Se a pessoa nos desperta ainda algum tipo de sentimento negativo, há como manter o profissionalismo? Quem me garante que a meio caminho do objectivo traçado, não me descontrolo e mando tudo à fava? Como posso ter a certeza de que a raiva não me vai fazer estragar tudo e manchar o meu currículo?
O caso é grave: eu sinto o coração disparar de raiva se pensar muito no que aconteceu, no que aquela pessoa me fez. Irrito-me se me lembrar que nem sequer tentou desculpar-se. Não suporto não sentir arrependimento do outro lado, apenas a ousadia de achar que pôde tratar-me como lhe apeteceu, magoar-me sem que eu merecesse e agora regressar sem dizer com todas as letras que sabe que teve o atrevimento de fazer merda e agir com toda a irresponsabilidade e leviandade possíveis, ferindo alguém cuja atenção teve a sorte de receber.
Acho que as minhas últimas linhas expressam bem quão difícil tudo isto me parece.
6 comentários:
O meu pequeno mas sentido conselho: faz o q te aborrecer menos, o q te trouxer menos dores de cabeça. Mesmo. Beijinhos :))
Tamborimmmm, que saudades! Obrigada pelo conselho, é pequeno mas pragmático. Beijinho grande, grande! :*
O profissionalismo que descreves diz-me que vais lidar bem com a situação e manter as aparências. A questão é, será que vale a pena o desgaste interior?
Não sei se se trata de um projecto temporário ou a longo prazo mas talvez a duração seja algo a considerar.
Acho que temos sempre que ser o mais profissionais possíveis e mais vale pecar pelo excesso de zelo do que por excesso de descontração. Não me importa que as pessoas achem exagerado o distanciamento ou a seriedade, desde que o trabalho fique bem feito!
Nãos sei se ainda será relevante, mas faz o que te deixar de consciência mais tranquila!
Tb tuas!!! :) Mil beijinhos minha querida.
É temporário, Joana. Ainda estou a decidir... Obrigada pelo comentário! :*
Ficar de consciência tranquila é uma excelente premissa, M. Tudo para evitar arrependimentos! :*
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