segunda-feira, 10 de março de 2014

dos Defeitos.

Brigitte Bardot
Oh os defeitos.
Tenho tantos.
Quando me perguntam quais são os piores, nunca sei o que dizer. Talvez porque alguns possam ser qualidades, consoante o contexto. Talvez a timidez me cale. Talvez não goste de mostrar o meu lado lunar. Mas ainda que me safe da revelação, a pergunta fica a ecoar cá dentro e as respostas surgem quando não consigo dormir e as estrelas me prendem o olhar. Assim de repente, de um modo superficial, encontrei uma dúzia de características que me irritam em mim.

#1 - Vaidade
Sou vaidosa, não gosto de sair de casa sem o cabelo impecável e a manicura intacta. Mesmo que seja apenas para ir ao supermercado, preciso de um toque de maquilhagem. Na verdade, isto só é um defeito porque se reflecte em atrasos constantes.

#2 - Irascibilidade
Sou irascível, irrito-me com facilidade se exposta à burrice crónica, à labreguice desmedida ou à pretensão. São coisas para as quais não tenho pachorra, o que não significa que faça cenas. Limito-me ao brusco afastamento da situação ou da pessoa que me provoca náuseas e ponto final.

#3 - Romantismo
Muita romântica. Adoro o amor, já houve quem dissesse que essa era a minha droga. Fico feliz com flores, olhares e muita lamechice. É uma merda desculpem lá mas não há qualquer outro adjectivo que se enquadre aqui tão bem e já nos damos há tempo suficiente para que não tenha que recorrer a eufemismos. Sou romântica e tento negá-lo diariamente para me proteger. Paradoxalmente, acredito que por ter uma história de amor mais dramática que as músicas da Adele suporto tudo, pelo que não me inibo - atiro-me para as histórias como se não houvesse amanhã. Com a maturidade (cof, cof) e com o calo que as dores do coração me criaram, aprendi a enganar-me. Repito cá para dentro que não volto a apaixonar-me até aos 35 anos, ainda que saiba que existem fortes probabilidades de vir a engolir essa falsa convicção.

#4 - Seriedade
Não me levo demasiado a sério, divirto-me imenso, mas às vezes sou demasiado séria, o que me torna um pouco intolerante à leviandade. Não consigo conceber uma existência sem a prática do bom carácter, dos princípios vincados, dos valores mais profundos e do discernimento apurado.

#5 - Complexidade
Tendo a complicar, ou seja: não chateio ninguém, mas penso demasiado em tudo. Meço todas as consequências dos meus actos para que, ao ser acusada de irresponsabilidade, possa justificá-la: fiz porque quis e não por não imaginar o que daí adviria. Não gosto de ser apanhada desprevenida.

#6 - Desconfiança
Não confio em ninguém a cem por cento. Não sou capaz. Preciso de provas constantes.

#7 - Assertividade
Sou de tal modo veemente que roço a agressividade. Não é por mal, só não sei manifestar ideias ou raciocínios sem convicção.

#8 - Preocupação
Não é comigo que me preocupo; é com os outros. Os que são importantes para mim. E estando de fora, tenho uma posição privilegiada, que me permite ver e saber o que é melhor para eles. Conclusão: acabo por ser chata, porque dou opiniões que nem sempre são agradáveis ao ouvido e quando não as aceitam, fico pior que estragada - não por não ter sido útil, mas pela sensação de impotência, já que não posso fazer nada para evitar que se magoem. O pior? Mais dia, menos dia, dão-me razão.

#9 - Aspiração
Sonhadora por natureza, não me chega o aqui e agora, por melhor que seja, por mais grata que me sinta por tudo o que tenho e vivo. Há sempre mais e melhor à minha espera.

#10 - Autoritarismo
Sou uma excelente líder, adoro mandar e acho que tenho sempre razão, porque na verdade, se não tiver certezas, não faço nem digo. Se estou a concretizar ou a afirmar alguma coisa, é porque sei. E se sei, está sabido, tenho razão. Se não souber, pergunto, não faço nem digo. Estamos entendidos?

#11 - Exigência 
Não peço mais do que sou capaz de dar. O problema é que sou capaz de dar muito, mais do que a maioria das pessoas. Talvez por isso seja tão exigente.

#12 - Melindrabilidade
Quem não se sente, não é filho de boa gente. Não é qualquer um que tem a capacidade de me magoar, mas todos aqueles que deixei entrar no meu coração podem fazê-lo sem querer. Quando gosto, tenho altas expectativas quanto ao comportamento do outro e nem sempre sou rápida a compreender que somos todos diferentes no trato e na demonstração de afecto.

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