Cindy Crawford |
Ana entra no carro, dá à chave, vai cantarolando alegremente pelo caminho enquanto pensa no lindo dia de sol que está.
Ana é interrompida por uma chamada.
«- Fiquei sem gasóleo», diz o pai, solicitando a sua ajuda.
Ana pede ao pai que espere pacientemente enquanto volta a casa para ir buscar um recipiente.
Ana esquece o medo que tem de entrar sozinha na garagem
Ana atira o dito para o banco de trás do carro e senta-se ao volante.
Ana dá à chave.
Ana dá à chave.
Ana dá à chave.
Ana entra em pânico porque o carro não pega.
«- Isto não pode estar a acontecer-me. Isto só me acontece a mim.»
Ana sorri timidamente ao aperceber-se de quão ridícula é a sua situação, já que ia salvar o pai, que tinha ficado sem gasóleo, e acabara de ficar também apeada, por falta de gasolina.
Ana sempre se achou um ás da condução e por isso decide aventurar-se pela íngreme estrada à frente de sua casa, com o carro desligado: «- Pode ser que pegue com o embalo...»
Ana repara que o carro do vizinho a impede de fazer a curva e descer a tal estrada.
Ana quase bate no carro do vizinho.
Ana entra em pânico novamente e trava.
Ana já não acha graça nenhuma à situação.
Ana toca freneticamente à campainha do vizinho que decide ignorá-la.
Depois de ligar ao namorado com ares de vítima no meio de uma catástrofe natural, decidiu empurrar o carro sozinha, subida acima. Claro que não conseguiu. Só lhe restou esperar pelo pobre namorado, que chegou no exacto momento em que finalmente se resolveu a situação: é que o condutor do autocarro, vendo que não podia continuar o seu percurso descansadinho, tentou ajudar Ana a empurrar o carro rua acima, sem resultados positivos. Ela voltou a bater impacientemente à porta do vizinho cujo estacionamento prejudicava a sua estratégia de desbloqueamento de tráfico, ele lá veio abrir de chinelos e canequinha de chá na mão, incrédulo com a visão de trânsito agudo que não faz sentido nesta calma localidade.
Sim, a coisa resolveu-se. Quando finalmente parei o carro no fundo da rua, chegou o namorado, que me levou ao posto de abastecimento mais próximo por duas vezes consecutivas. Sempre de bidão na mão, pois claro.
E perguntam vocês:
«- Mas Menina, isso da crise está a afectar-vos assim tanto?»
E eu respondo:
«- Não. Somos mesmo distraídos. E o meu adorável carro, que a Fiat não quis trocar por outro, não me diz se tem ou não gasolina. Ando sempre ao Deus dará, numa aventura constante.»
Conclusão: na minha vida, nada pode acontecer como nas vidas das pessoas normais.
5 comentários:
Se te serve de consolo, já me fizeste rir! Ser normal não tem piada. Beijinho.
So tu...e ja agora, tal pai tal filha!
A tua relação com o teu carro é hilariante!!
Que situação! Na altura não tem graça mas depois até dá vontade de rir. Tenho algumas peripécias no estilo... E ser normal não tem graça, concordo com a Imperatriz Sissi.
LOLOL, o que eu já me ri :$
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