Lana Del Rey |
e enquanto conduzo o meu carro velho, esse companheiro que tanto estimo, levando o meu corpo até ao destino a que me dirijo sem vontade, a minha alma passeia por momentos antigos, de outras vidas, tantas vidas. a missiva recordara-me da grandeza do coração, de como não é necessário dizer sempre tudo o que se deseja. o telefonema, vindo de outro alguém que não me escreveu carta nenhuma, fez-me doer a certeza de tempo perdido. há quem me ame de uma maneira tão dedicada que é impossível não lamentar o amor que gastei em quem não merecia. pedi pouco e não recebi nada. como é possível que me tenha deixado ser tão pouco, eu que sou tanto e tão grande? o desespero torna-nos tão frágeis como um insecto chato, que matamos só para não ouvir o seu zumbido irritante. tão débeis que ansiamos o fim. esperamos por ele. e quando finalmente se termina o caso, percebo que só eu vivi o que vivi. quem estava ao meu lado não se apercebeu de nada.
cheguei onde tinha que chegar sem me lembrar do caminho que fiz até ali. debitei informação e voltei para casa, sem fazer o que tinha prometido fazer: agradecer. talvez mais tarde tenha coragem para ser simples.
agora é outra a questão que me incomoda: a da fatalidade. comecei o ano passado com a certeza de que iria desmistificar um dos meus medos e nos seus últimos dias, a Vida mostrou-me que não vale a pena não ter medo. quero tanto distrair-me disto que me embrenho na leitura de um novo livro. enquanto leio, não penso nem vivo.
4 comentários:
ameii o texto!
me sinto assim tbm!
beijos!
Adorei :)
Muito bom mesmo, dos melhores. Este vou guardar. kiss**
Gostei imenso e revi-me em todas as frases. :(
Belíssimo Lamparina! E amei a referência às Helenas do meu diretor de novelas preferido, ele que é tb um cronista cheio de vida e estilo. Simplesmente.
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