Candice Swanepoel |
O resto da família reside na capital e tenho primos que não conhecem nada mais para lá do seu bairro, da sua praça, da sua rua. Alguns nunca viram uma galinha ao vivo. Outros acreditavam, em pequenos, que os ovos eram produto de fábricas, uma vez que tinham um código numérico gravado na casca. Uma das minhas primas chegou a perguntar-me se em Pombal existiam escolas. Confesso que esta última não esperava, uma vez que a miúda tinha dezasseis ou dezassete anos. Perante a minha expressão boquiaberta, a Mana Lamparina decidiu responder: «Há muitas escolas, públicas e privadas. No centro da cidade, porque Pombal é uma cidade, há quatro ou cinco. Ou mais. Há um shopping, três centros comerciais pequenos, um Intermarché, um Bricomarché, uma Telepizza, dois Pingo Doce, um SPAR, um LIDL, Minipreço, cinema, piscinas, cafés, lojas, uma Benetton, uma Naf Naf, autocarros, biblioteca, comboios, restaurantes, um Hospital, um Centro de Saúde...» A lista foi longa e elucidativa. Falou de Leiria e de Coimbra, enumerou as Zaras, falou dos kartings e dos museus... Cheguei a pensar que a Mana ia rebentar, que ia arrastar a prima pelos cabelos até à província para lhe mostrar que há vida depois da capital. Que aqui não há só mato e senhoras velhinhas de lenço na cabeça a cavar a terra.
Esta vivência que a profissão do meu pai nos proporcionou trouxe-nos um largo conhecimento do que é a vida fora das cidades, por isso digo que fomos privilegiadas - tivemos o melhor de dois mundos na nossa formação enquanto gente. Apesar de nunca termos tido mais que pequenos animais domésticos como cães, gatos, chinchilas, peixinhos e passarinhos, lidámos com cabras
Apesar de ter passado por uma fase fortemente marcada pelo ciúme em relação aos animais das outras pessoas, aqueles por quem o pai me deixava no Natal ou no meu aniversário «porque o animal não tem culpa», desenvolvi uma relação particular com eles. Respeito-os, mimo-os, mas não me esqueço da sua natureza irracional. Talvez por isso seja uma dona equilibrada. Talvez por isso não tenha pachorra para certos fundamentalismos nem para vaidades ou faltas de responsabilidade. Talvez continue este post noutro dia...
5 comentários:
Tão bom,
É óptimo crescer nesse ambiente!
E perceber que os frutos nascem das árvores :)
Muitos beijinhos
MUAH* <3
Neuza Mariano
Adorei o texto! E embora goste da cidade, o campo tem muito encanto. Não o troco por nada.
gostei de ler o post baby :) e a mana lamparina respondeu muito bem à tua prima :)
bjo*
É uma vida diferente e saudável. Já vivi com os meus pais algum tempo no Luxemburgo numa quinta. Era pequena mas lembro-me dos cuidados com os animais da quinta, dos partos etc... Foi uma experiência linda. Depois fomos para Paris e uma vida oposta. Hoje em Portugal continua a gostar de ir a aldeia a casa de família e os meus filhos conhecem a vida do campo e gostam de la ir passar uns dias. Acho que vale a pena conhecer a vida no campo.
Beijinhos grandes.
Como médica veterinária, compreendo tudo :)
Raquel
Enviar um comentário